Desde os tempos mais remotos, a língua sempre foi um obstáculo de comunicação entre os povos. Quando o setor do entretenimento cresceu, com a popularização do cinema e do TV, foram criados alguns meios para quebrar essa barreira cultural. Além das legendas – textos alocados no canto inferior da tela, simplesmente traduzindo as falas dos personagens – outra técnica surgiu a fim de facilitar a difusão das mídias audiovisuais. A dublagem substitui os diálogos dos atores em qualquer idioma e torna possível que um espectador consiga entender todo o desenrolar da trama sem o uso de legendas. A figura do dublador – que acima de tudo, não apenas empresta a voz, mas interpreta a situação com o personagem que carrega sua voz – passa a ser de suma importância, e a dublagem brasileira é considerada uma das melhores de todo o mundo. O primeiro trabalho dessa natureza no Brasil foi realizado em 1938 com a dublagem do clássico desenho “Branca de Neve e os Sete Anões”. LISTA DOS CINCO classifica alguns desses artistas que muitas vezes não são reconhecidos nas ruas, mas são donos de trabalhos memoráveis.
05. Guilherme Briggs
O dublador carioca Guilherme Neves Briggs nasceu em 1970 e além de emprestar a voz para diversos personagens de desenhos animados e filmes, é desenhista e diretor de dublagem. Tem vários trabalhos notáveis: ele faz a voz de Denzel Washington e Brendan Braser na maioria dos longas-metragens de ambos e ficou conhecido também por dublar o personagem Cosmo, de “Os Padrinhos Mágicos”. Dentre muitos outros trabalhos, dublou o protagonista do desenho “Freakazoid!” e Optimus Prime do filme “Transformers”. É quem dá a voz de Buzz Lightyear nos três filmes da franquia “Toy Story”. Começou a sua carreira em 1991, quando dublou o personagem Worf, do seriado “Guerra nas Estrelas”. Quando dublou Freakazoid, seu improviso durante as gravações o destacou e o texto do dublador/tradutor chegou a ser considerado até melhor que o original. Além da profissão, é integrante semi-regular do podcast do site Jovem Nerd.
Para ouvir uma entrevista concedida por Briggs ao podcast Nerdcast (em janeiro de 2008), clique aqui.
04. Garcia Júnior
Descendente de uma das famílias pioneiras na dublagem nacional – era filho do renomado diretor Garcia Neto – Manoel Garcia Júnior nasceu em São Paulo, em 1967, e é dublador, tradutor e diretor. Sua voz foi usada em vários personagens da Disney – entre eles, dublou algumas vezes o Pato Donald e o Simba, em “O Rei Leão” – além do guerreiro He-Man e os desenhos antigos do Pica-Pau (principalmente os produzidos entre 1940 e 1955). Emprestou sua voz também a Harrison Ford em vários filmes. Porém, seu maior sucesso foi seu trabalho nos filmes do ator Arnold Schwarzenegger; ele dublou o ex-governador da Califórnia em produções de sucesso, como em “O Exterminador do Futuro” 2 e 3, “O Vingador do Futuro”, “Comando para Matar”, “Fim dos Dias” e “Batman e Robin”. O ator é pouco usado nas dublagens desde 2005.
Alguns dos personagens dublados por Garcia Júnior
03. Nelson Machado Filho
Nosso blog lança um desafio aos leitores: sintonizem no SBT quando estiver sendo exibido o Chaves (e venhamos e convenhamos, isso não é muito difícil de aconteceu no canal do Silvio Santos) e abaixe o som totalmente. Com a TV em silêncio, imagine outra voz no personagem Quico quando ele surgir na tela. Use a imaginação, recorra a dubladores que você se lembra ou até vozes de pessoas conhecidas. Realmente, essa dublagem pertence a um seleto hall de vozes que se identificam perfeitamente com o personagem. O paulistano Nelson Machado Filho, o dublador do personagem mexicano, nasceu em 1954 e também empresta a sua fala a outras produções notáveis, como Roberto Benigni em “A Vida é Bela”, Robin Williams em “O Homem Bicentenário” e Rowan “Mr. Bean” Atkinson em “Johnny English” e “Tá todo mundo louco!”. Em desenhos animados, dublou Fred Flintstone e o herói Darkwing Duck.
Para ouvir uma entrevista concedida por Machado ao podcast Nerdcast em janeiro de 2007, clique aqui.
Personagens que carregam a voz de Nelson Machado
02. Waldyr Sant'anna
Nossos leitores mais velhos devem se lembrar de Terêncio, capataz de Sinhozinho Malta (vivido por Lima Duarte) na novela “Rock Santeiro”, de 1985. Mas poucos sabem que o ator que interpretou o capanga é também um renomado dublador brasileiro. Waldir Sant’anna imortalizou a voz do personagem Homer Simpson – um dos maiores ícones da cultura popular dos últimos tempos – e recentemente esteve envolvido em um processo que causou muita discussão. Ele dublou por 7 temporadas do desenho estadunidense e conquistou uma enorme legião de fãs em todo o Brasil. Porém, Sant’anna entrou na justiça solicitando o pagamento de direitos nas vendas de DVD’s do desenho (o dublador tinha direitos garantidos apenas nas exibições da TV). Em represália, a FOX substitui Walcyr por Júlio César Barreiros, o que causou furor entre os fãs da série. E devido a essa pressão, ele voltou a dublar o chefe da família Simpson na 15° temporada. Porém, a FOX o afastou do seu papel em definitivo na 18° temporada, sendo substituído por Carlos Alberto Vasconcellos da Silva (ex-apresentador da SporTV), que continua fazendo a voz de Homer até hoje. Muitos fãs enfurecidos não concordaram com a substituição, o que causa polêmica sem fim.
Para ver Homer Simpson sendo entrevistado em uma rádio brasileira, veja o vídeo abaixo:
01. Orlando Drummond
Drummond é um artista versátil e teve destaque em várias áreas artísticas: é ator, dublador, radialista e comediante. É até hoje reconhecido como o Seu Peru, o homossexual da extinta “Escolinha do Professor Raimundo”, além de emprestar a voz para desenhos famosos, entre eles Popeye, Alf (série e desenho) e o Vingador, de “Caverna do Dragão”. Porém, o carioca Orlando Drummund Cardoso, nascido em 1919, entrou para o Livro dos Recordes por ser o dublador que por mais tempo empresou a voz para um personagem. Por mais de 30 anos, cão Scooby-Doo, dos estúdios Hanna-Barbera, carrega em todos os filmes e desenhos a voz do experiente dublador. Com mais de 90 anos, Orlando Drummond diminuiu seu ritmo de trabalho e não é mais tão visto como antes.
Drummond concedeu entrevista ao "Programa do Jô". O vídeo está dividido em duas partes.
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